Marcelo Tas é diretor, apresentador e roteirista de TV. Se destacou no mercado digital apresentando o programa "Vitrine", da TV Cultura,o primeiro a tratar da internet e das novas mídias em TV aberta no Brasil.
Tas também participou da criação de alguns programas inovadores na TV brasileira como "Rá-Tim-Bum", “Castelo Rá-Tim-Bum” (TV Cultura) e "Programa Legal", na TV Globo.
Marcelo já foi agraciado com vários prêmios no Brasil e exterior. Entre eles, a bolsa para cinema e TV da Rockfeller McArthur Foundation e também com o prestigioso Fulbright Scholarship Award, ambos dos Estados Unidos. Também é um dos membros fundadores da produtora independente “Olhar Eletrônico”, pioneira na renovação da linguagem televisiva dos anos 80
Tas também participou da criação de alguns programas inovadores na TV brasileira como "Rá-Tim-Bum", “Castelo Rá-Tim-Bum” (TV Cultura) e "Programa Legal", na TV Globo.
Marcelo já foi agraciado com vários prêmios no Brasil e exterior. Entre eles, a bolsa para cinema e TV da Rockfeller McArthur Foundation e também com o prestigioso Fulbright Scholarship Award, ambos dos Estados Unidos. Também é um dos membros fundadores da produtora independente “Olhar Eletrônico”, pioneira na renovação da linguagem televisiva dos anos 80
O iMasters recebe o grande comunicador Marcelo Tas, que fala sobre a integração de mídias, do "cyberjornalismo" e do "fim" do furo jornalístico com a chegada da internet, dentre outros. Boa leitura
iMasters - Olá Marcelo. Você participou da criação de alguns programas inovadores na televisão brasileira como “Castelo Rá-Tim-Bum” na TV Cultura de São Paulo e "Programa Legal", na TV Globo. Mas se destacou bastante, de 1998 a 2003, com um excelente trabalho como apresentador do programa “Vitrine”, que foi o primeiro a tratar da internet e das novas mídias em TV aberta no Brasil. Em que ponto você sentiu essa necessidade, e o que você considera de semelhante entre a TV e o meio digital?
Quando começamos a tratar de Internet no Vitrine, alguns pensaram que era um programa para nerds. Aos poucos conseguimos marcar uma nova maneira de tratar das novidades e ruídos trazidos pela revolução digital na TV aberta. O público ainda está bastante carente desse tipo de informação. A maioria das pessoas, especialmente os com mais de 40 anos, ainda vê o computador como um bicho papão.
A televisão pode e deve ser um veículo para desmistificar, informar e interagir com as novas mídias. Afinal, apesar de velhinha, a TV ainda é um excelente streaming de vídeo e áudio que todos tem dentro de suas casas. E dá muito menos pau do que o Windows.
A televisão pode e deve ser um veículo para desmistificar, informar e interagir com as novas mídias. Afinal, apesar de velhinha, a TV ainda é um excelente streaming de vídeo e áudio que todos tem dentro de suas casas. E dá muito menos pau do que o Windows.
iMasters - Ainda no Vitrine, você teve a oportunidade de receber os principais responsáveis pelo atual mercado de TI e Web no Brasil. Dentre estes nomes, algum em especial te chamou a atenção? Quais os principais projetos que rederam sua admiração enquanto apresentador do Vitrine?
Assuntos aparentemente distantes do grande público, renderam audiências inesperadas. As imagens do Brasil visto por satélite rendeu uma programa memorável. O site da Embrapa que estava sendo lançado naquela noite saiu do ar tal foi o número de acessos. O Evaristo de Miranda, chefe do projeto, teve que voltar ao programa.
Também foi muito legal ver quantos fãs tem o Marcelo Tosatti, desenvolvedor do software livre Linux. É impressionante ver como um assunto aparentemente técnico, como desenhar software, atrai uma multidão de apaixonados.
Também foi muito legal ver quantos fãs tem o Marcelo Tosatti, desenvolvedor do software livre Linux. É impressionante ver como um assunto aparentemente técnico, como desenhar software, atrai uma multidão de apaixonados.
iMasters - Recentemente, a Globo.com lançou o Globo Media Center que deve marcar uma nova era, com um acervo gigantesco de conteúdo em vídeos, grande parte deles apresentados na TV aberta, mas somente para os assinantes da Globo.com. Você acredita que este novo modelo é eficaz
Foi extremamente feliz a idéia da Globo disponibilizar programas do acervo neste formato. Mas tenho certeza que a molecada da internet pede ainda mais ousadia.
Tenho acompanhado com interesse o que o pessoal da BBC está fazendo. Vêm conseguindo empacotar aquela montanha de conteúdo- rádio, TV, texto...- de uma forma muito criativa. Sugiro a todos conferir a nova ferramenta deles chamada Backstage (http://backstage.bbc.co.uk/). É um conceito fantástico de colocar na mão do usuário a possibilidade de reempacotar a BBC do jeito que a gente quiser.
O The New York Times também está atento e conseguindo fazer a ponte delicada entre a “mídia tradicional” e os novos formatos. Aqui no Brasil, nos grandes grupos de comunicação ainda rola muito preconceito ou indiferença às novas mídias. Isso causa perda de público e suicídio comercial.
Tenho acompanhado com interesse o que o pessoal da BBC está fazendo. Vêm conseguindo empacotar aquela montanha de conteúdo- rádio, TV, texto...- de uma forma muito criativa. Sugiro a todos conferir a nova ferramenta deles chamada Backstage (http://backstage.bbc.co.uk/). É um conceito fantástico de colocar na mão do usuário a possibilidade de reempacotar a BBC do jeito que a gente quiser.
O The New York Times também está atento e conseguindo fazer a ponte delicada entre a “mídia tradicional” e os novos formatos. Aqui no Brasil, nos grandes grupos de comunicação ainda rola muito preconceito ou indiferença às novas mídias. Isso causa perda de público e suicídio comercial.
iMasters - Falamos a respeito do seu pioneirismo jornalístico dentro das novas mídias de comunicação no Brasil, e quanto a sua análise pessoal a respeito da a tal tecnologia à serviço da informação. Até que ponto é benefica?
Antes de tudo, é importante dizer que desde que o mundo é mundo sempre usamos a mais avançada tecnologia para nos comunicarmos. Desde os tambores e os sinais de fumaça, que já foram cada um do seu jeito, tecnologia de ponta em suas épocas.
A grande virtude do mundo digital é disponibilizar um megafone na mão de cada um de nós. Com talento e ousadia, qualquer indivíduo agora é capaz de revelar um furo jornalístico para o mundo. E isso começa acontecer com uma certa frequência. Veja o episódio do Dan Rather, âncora mais respeitado da TV americana, desmentido por um blogueiro ne rede mundial de computadores.
O benefício que a internet traz é a velocidade e a transparência. Está cada vez mais difícil de um poderoso enganar muitos por algum tempo. Mesmo que por um período curto de tempo.
A grande virtude do mundo digital é disponibilizar um megafone na mão de cada um de nós. Com talento e ousadia, qualquer indivíduo agora é capaz de revelar um furo jornalístico para o mundo. E isso começa acontecer com uma certa frequência. Veja o episódio do Dan Rather, âncora mais respeitado da TV americana, desmentido por um blogueiro ne rede mundial de computadores.
O benefício que a internet traz é a velocidade e a transparência. Está cada vez mais difícil de um poderoso enganar muitos por algum tempo. Mesmo que por um período curto de tempo.
iMasters - Cada vez mais se houve o termo “cyberjornalismo” e o fim do chamado “furo jornalistico” todos provinientes da grande evolução tecnológica que afetou em grande parte a maneira de ser fazer “jornalismo”. Afinal, na sua opinião, a tecnologia atrapalhou ou ajudou o trabalho do jornalista? E quanto ao furo jornalístico?
O computador é como qualquer outra ferramenta. Não pode ser culpado pelo mau uso de quem dele se aproxima. Se determinado jornalista ficou mais preguiçoso com o computador, é o jornalista que é preguiçoso; não o computador.
Penso até mesmo que na era digital o jornalista passou a ter uma tarefa ainda mais nobre e elevada: a de disseminar o discernimento. Diante de uma montanha gigantesca de informação fartamente disponível, vale mais quem consegue lançar algum ponto vista luminoso sobre a realidade.
Nunca foi tão necessária e valorizada a profissão do bom contador de histórias. Estão aí os novos roteiristas de cinema, os jovens criadores de games, de desenhos animados, juntamente com os cyberjornalistas para confirmar a minha tese.
Agora, veja bem, cyberjornalista não é ser modernoso. Mas sim estar plugado na vida, tirando o pulso das ruas e não ter medo nem preconceito de contar suas histórias das mais diversas formas e mídias. Nelson Rodrigues era um fantástico cyberjornal
Penso até mesmo que na era digital o jornalista passou a ter uma tarefa ainda mais nobre e elevada: a de disseminar o discernimento. Diante de uma montanha gigantesca de informação fartamente disponível, vale mais quem consegue lançar algum ponto vista luminoso sobre a realidade.
Nunca foi tão necessária e valorizada a profissão do bom contador de histórias. Estão aí os novos roteiristas de cinema, os jovens criadores de games, de desenhos animados, juntamente com os cyberjornalistas para confirmar a minha tese.
Agora, veja bem, cyberjornalista não é ser modernoso. Mas sim estar plugado na vida, tirando o pulso das ruas e não ter medo nem preconceito de contar suas histórias das mais diversas formas e mídias. Nelson Rodrigues era um fantástico cyberjornal
iMasters - Marcelo, você é formado em Engenharia pela Escola Politécnica da USP. Como se deu esta mudança para o jornalismo? A apresentadora de TV e vereadora de São Paulo, Soninha, deu uma declaração de que “o diploma não tem que ser obrigatório para o trabalho na imprensa”. Você concorda com o fim da obrigatoriedade do diploma para o exercicío do jornalismo, principalmente com a chegada da Internet?
Paradoxalmente, foi na POLI mesmo que encontrei minha vocação. Fui editor por três anos de um jornal anarquista do Grêmio Politécnico, chamado Cê-Viu?. Parece que ele existe até hoje. Depois cursei rádio e TV na ECA. Fiz um aperfeiçoamento na NYU- New York University- em TV e Cinema. Acredito que todo jornalista, além de talento, vocação e cultura, precisa de uma vivência acadêmica. Mas, não necessariamente de um diploma do curso de Jornalismo
iMasters - No âmbito digital, você mantém um site (www.marcelotas.com.br) e um Blog (www.blogdotas.com.br). Novamente pioneiro, você levou o Blog (que já é uma febre na internet), para a TV com o “Blog do Tas”, no Jornal da Cultura, em horário nobre e rede nacional. Você acredita que a internet pode mudar também a forma de comunicação nas mídias tradicionais, como por exemplo termos blogs na TV?
Sem dúvida, o blog é uma grande ferramenta de comunicação dessa primeira década do século 21. Sua grande virtude é a instantaneidade e a abertura aos comentários alheios. É um catalizador poderoso de idéias e polêmicas. Por isso manter um blog pede uma enorme responsabilidade e talento. A bola devolvida depende totalmente da bola arremessada no post.
Acredito que ainda estamos só no começo dessa história. O blog tem muito a contribuir para o enriquecimento das mídias antigas, como a TV e o próprio jornal. A maioria das empresas de comunicação ainda não perceberam isso.
Acredito que ainda estamos só no começo dessa história. O blog tem muito a contribuir para o enriquecimento das mídias antigas, como a TV e o próprio jornal. A maioria das empresas de comunicação ainda não perceberam isso.
iMasters - Você já declarou que considera a “televisão burra e conservadora” pelo fato de que as emissoras estão engajadas em luta por audência e não por conteúdo. Acredita que o público está sedento por qualidade? No âmbito digital (web) existe uma grande polêmica quanto o conteúdo pago ou grátuito, você tem alguma posição quanto esta questão?
O público sempre quer qualidade, até para escolher peixe ou banana na feira. As emissoras que se engajam em produzir conteúdo de qualidade a longo prazo, agora estão colhendo os frutos. Enquanto aquelas que apostaram nos sucessinhos instantâneos e duvidosos agora estão chorando na rampa. É muito claro isso.
Na web, chega uma hora que depois de qualificar o conteúdo, é natural que se cobre por isso. O problema é não fechar o conteúdo demais. Nem cobrar antes da hora da maturidade. Senão você sai fora da zona de clicadas do público e morre gelado sozinho dentro de um servidor
Na web, chega uma hora que depois de qualificar o conteúdo, é natural que se cobre por isso. O problema é não fechar o conteúdo demais. Nem cobrar antes da hora da maturidade. Senão você sai fora da zona de clicadas do público e morre gelado sozinho dentro de um servidor
iMasters - Marcelo, você foi agraciado com vários prêmios no Brasil e exterior. Entre eles, a bolsa para cinema e TV da Rockfeller McArthur Foundation e também com o prestigioso Fulbright Scholarship Award, ambos dos EUA. Todavia, ao contrário de muitos profissionais, estes prêmios não contribuíram para sua auto-promoção profissional, pois este é fruto de um enorme carinho e reconhecimento por parte de profissionais respeitados que não poupam elogios a seus trabalhos e projetos. Você se considera uma exceção? Concorda com esta afirmação?
Eu, como todo mundo, gosto de ganhar prêmio e ser reconhecido. Mas, sinceramente, não é o que me move. Não consigo fazer nada sem prazer. Também não consigo fazer nada sem me identificar claramente com a intenção do projeto que estou envolvido.
Tenho a sorte e alegria de ter me encontrado com grandes parceiros criativos que me proporcionaram grandes experiências. O entusiasmo de projetos que buscam diversão e superação é sempre contagiante. É a melhor forma de conhecer pessoas e fazer novos amigos. No final das contas, é isso que fica da vida. Os amigos e as obras.
Tenho a sorte e alegria de ter me encontrado com grandes parceiros criativos que me proporcionaram grandes experiências. O entusiasmo de projetos que buscam diversão e superação é sempre contagiante. É a melhor forma de conhecer pessoas e fazer novos amigos. No final das contas, é isso que fica da vida. Os amigos e as obras.
iMasters - Estamos comemorando apenas 10 anos de internet comercial no Brasil. Mesmo com este curto tempo, você acredita que já exista algum bom curso ou formação voltados para o jornalismo digital? Indicaria também algum livro para os que pretendem atuar nessa área?
O bom da internet é que ela está só no começo. Quem se interessa pela comunicação entre seres humanos, é muito sortudo de ter nascido nessa era digital. Eu não acredito que as pessoas devam se especializar em jornalismo “digital”. Antes de tudo, devem se aperfeiçoar para serem jornalistas. Cabe aos jornalista o grande papel de contadores de histórias dessa fase tão confusa do mundo. É uma tarefa e tanto.
Também não sugeriria um livro especializado no assunto. Quem quer ser um contador de histórias digital tem que ler de tudo. Principalmente os clássicos: Platão, Aristóteles... Sem se esquecer dos grandes mestres da palavra e do humor, como Shakespeare e Voltaire.
Também não sugeriria um livro especializado no assunto. Quem quer ser um contador de histórias digital tem que ler de tudo. Principalmente os clássicos: Platão, Aristóteles... Sem se esquecer dos grandes mestres da palavra e do humor, como Shakespeare e Voltaire.
iMasters - Marcelo Tas, é com um enorme satisfação que a redação do site iMasters conta com sua participação. Você é um profissional muito querido, que já deixa saudades por aqui à frente do Vitrine, e sempre muito solicito a nossos convites. Gostaria de agradecê-lo, parabenizá-lo por sua premiada e brillhante trajetória profissional. Por fim, uma mensagem final, aos membros dos site que desejam trilhar o caminho da comunicação no meio digital
Pessoal, quem gosta de ficar sentado na frente do computador, muitas vezes se esquece que tem corpo físico. Portanto, larguem já esse mouse e teclado. E vão passear no parque, respirar oxigênio, namorar e chupar um picolé. Tenho certeza que vocês vão voltar muito melhores depois aqui para o cyberspace. Boa sorte à todos.
Visitem o imasters, o endereço é http://imasters.uol.com.br/
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