23 janeiro, 2009

Charles Philips, presidente da Oracle, fala sobre custo do software

por Mary Hayes Weier InformationWeek EUA
23/01/2009

Philips conta porque o software licenciado custa caro e fala sobre a chegada de Obama
Há cerca de seis anos, o CEO da Oracle Larry Ellison contratou o ex-analista da Wall Street Charles Philips. Não tardou para que ele o indicasse como presidente da companhia. Philips gerencia as operações globais da Oracle, incluindo consultoria, vendas, marketing, alianças, programas e tem sido fundamental em muitas das aquisições do grupo.

A InformationWeek EUA tem escutado frequentes queixas de leitores sobre o alto custo dos softwares corporativos. Para esclarecer essa questão, os editores da revista se reuniram com Philips em seu escritório e o questionaram sobre o custo elevado dos softwares de licença.
O executivo também falou sobre o Fusion Applications, a estratégia de aquisições da empresa e o impacto de Barack Obama na indústria de TI.

InformationWeek: a situação econômica tem colocado mais pressão sob os orçamentos de TI. Muito do que a Oracle oferece é software licenciado instalados on-site. Mas o que dizer para aqueles que dizem que o SaaS é mais palatável, já que os clientes não precisam pagar uma licença completa e taxas de manutenção anuais?

Phillips: não estou certo que o modelo de licença resolveria todos os problemas. Nós estamos no SaaS há uma década, com 1,7 milhão de assinantes. Somos a única empresa flexível e que oferta as duas possibilidades, on-demand e software licenciado. Isso depende da aplicação e do modelo; há aplicativos que são fáceis de aplicar no modelo on-demand, como o CRM. Outras áreas são mais complicadas, como supply chain e manufatura.

Alguns precisam pagar pelo software para fazer um update, isso é o custo de manutenção. Se você quer um software que faça dinheiro, isso irá te taxar de alguma forma. Não há mágica no custo. Alguns precisam pagar para desenvolver e pela manutenção.

InformationWeek: mas a oferta de on-demand da Oracle é realmente SaaS? Em muitos casos, os clientes ainda pagam a licença e a manutenção para a Oracle. Muitas empresas de SaaS dizem que o verdadeiro software-as-a-service é multitenant, ou seja, aquele que serve várias empresas.

Phillips: multitenancy é um caminho para administrar o sistema para o usuário. Nós temos alguns clientes assim. Mas temos outros que dizem, ‘eu gosto do CRM on demand, mas eu quero meu próprio servidor". Todos os modelos estão crescendo para nós, e o fato de trabalharmos em todas as frentes é um diferencial para a empresa. Há leis mais rígidas de proteção de dados na Europa que no restante do mundo, e é por isso que ganhamos mais mercado que a Salesforce.com naquela região, porque o modelo multitentant não se acomoda na Europa.

InformationWeek: alguns CIOs dizem que o custom para manutenção do software é muito alto e tende a piorar. A taxa da Oracle chega a 22% do custo da licença. Qual sua reposta para aqueles que não acreditam mais no modelo tradicional?

Phillips: ele vem dando certo por muito tempo. As pessoas têm voltado para o modelo que é mais simples e funciona. Os desenvolvedores vêm com softwares customizados e há uma lista imensa de coisas que os clientes querem. Temos 22 mil desenvolvedores, que são pessoas caras, produzindo a customização. Se você quer um produto exclusivo, você precisa pagar por isso. Não há outra forma.

InformationWeek: a Oracle vem trabalhando já há alguns anos no desenvolvimento do Fusion, e um executivo da empresa informou que uma versão beta deve ser lançada neste ano. Alguns CIOs acham meio difícil esse processo.

Phillips: até que as pessoas vejam uma versão demo do Fusion Apps, não podemos atingir todo mundo. Com o Fusion, somos a única companhia investindo na próxima geração de aplicativos. Nenhuma outra está tentando fazer isso. Trata-se de um aplicativo moderno, feito em plataforma Java para os negócios de TI mais modernos.

InformationWeek: a nova administração dos EUA deve vir acompanhada de um novo ambiente regulatório. Como fica a estratégia de aquisições da empresa?

Phillips: um ambiente mais regulado, se significar mais auditoria em nossos clientes, será bom para os nossos negócios. Não estamos preocupados em relação a maior rigidez que possa vir na nova administração.

InformationWeek: você acha que a chegada de Barack Obama terá impacto positivo na indústria de TI?

Phillips: tendo alguém que entende o que a TI pode fazer pelo governo é algo muito bom. Estou animado com isso.

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